Governo Serra distribui livros com vários erros para alunos da rede pública do Estado

Por Folha de Embu | 31/03/2009

O governo de José Serra distribuiu em todo o Estado de São Paulo mais de 500 mil apostilas contendo 17 erros de grafia e informação para os alunos da rede pública estadual. O material repleto de erros custou aos cofres públicos do Estado e por conseqüência aos contribuintes a expressiva quantia de R$ 36 milhões. Entre os principais erros constam acontecimentos históricos em datas erradas, o desenho de um mapa no qual existem 2 Paraguais, nenhum deles no lugar certo. Além disso, o material traz informações falsas e vários erros de concordância e escrita de palavras.

A falta de revisão do material didático distribuído pelo governo estadual nas escolas é criticada por alunos, pais e professores. Todos lamentam o descaso com a educação pública. O assunto repercutiu em todo o Brasil e provocou reação dentro e fora das escolas. A Secretaria de Educação do Estado alega que os erros são pequenos e não prejudicar o aprendizado. Professores, pais e alunos discordam dessa afirmativa.

“Isso é uma falta de respeito. Como a pessoa vai aprender direito se o livro está errado?”, dispara o estudante Moacir Luis Santana, morador do Jardim Santa Tereza.

O estudante Gabriel Martins de Souza, 16 anos, estuda o 2º ano do Ensino Médio, na Escola Estadual Jornalista Wandick Freitas, no centro do Taboão. Para ele, o descaso do governo estadual com a educação pública é visível. “É inaceitável uma coisa dessas. Uma vergonha. Depois, ainda dizem que estão investindo para melhorar a educação”, reclama.

A colega de sala dele, Carla Reis, 15, disse que já encontrou erros em quase todos os livros didáticos desse ano. Ela disse que já comentou os erros com os professores das disciplinas, que se mostraram indignados. “Queria entender como um material tão caro pode ter tanto erro desse jeito. Se for trocar tem trocar é tudo”, enfatiza.

Jéssica Lorranne ,16, está na mesma turma e concorda com os colegas. Para ela, não há como aceitar esse descaso com a educação pública. “Como a gente pode competir com alunos da escola particular. Eles não têm esse tipo de problema”, relata.

Um professor de geografia que leciona no Embu e pediu para não ser identificado também classificou os erros como absurdos. Ele disse que isso demonstra a total falta de preocupação do governo com a qualidade do ensino e atribuiu o problema a falta de revisão do material didático. “Como um material que custa tão caro é feito sem revisão?”, contestou.

Os erros no material didático distribuído pelo governo Serra começaram a aparecer depois da descoberta do livro de geografia, usado por alunos da 6ª série do ensino fundamental nas escolas públicas, que mostra o Paraguai duas vezes em um mapa da América do Sul e exclui o Equador. O problema aparece tanto nos livros destinados aos estudantes quanto nas publicações destinadas aos professores.

A Secretaria de Estado da Educação informou que determinou à Fundação Vanzolini a troca das publicações com erros. De acordo com a secretaria, a instituição arcará com todos os custos da troca, incluindo a impressão e a distribuição.

A fundação informou, por meio de nota, que o problema afetou 1,55% dos livros publicados e foi gerado no processo de diagramação e aplicação dos nomes dos países na publicação. Segundo a instituição, a base cartográfica está correta, e o livro, na página 3, traz o mapa com os nomes dos países adequadamente aplicados.

O governador José Serra criticou a Secretaria de Estado da Educação por ter distribuído livros com erros. “Isso não é um erro que alguém possa ignorar. Ninguém acha que tem dois Paraguais. Acho que houve algum problema de impressão, mas acho que secretaria deveria revisar os materiais”, afirmou o governador à imprensa durante a visita que fez à divisa de Itapecerica e Embu das Artes para anunciar as obras de saneamento na região. “Não é um erro grave, mas é um erro. Material didático não pode estar errado, não pode ter erros desse tipo”, completou Serra.

Apesar das afirmações do governador a comunidade escolar, incluindo pais e alunos não aceita as justificativas para o que parece injustificável. “Só porque é de graça tem que ser ruim?”, questionou a mãe de Moacir.

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