Nova sede será construida em área de proteção

Por Folha de Embu | 2/04/2017

Nova sede da prefeitura no Parque da Várzea causa polêmica em Embu

A proposta de construir uma nova sede para a Prefeitura de Embu, dentro do parque da Várzea do Rio Embu-Mirim não agradou muitos moradores da cidade. A construção do novo Paço Municipal foi informada pelo prefeito Ney Santos, durante a comemoração do aniversário da cidade e em seguida provocou uma verdadeira enxurrada de críticas dos moradores nas redes sociais. A maioria argumenta que Embu tem outras prioridades como melhorar a saúde municipal, investir na infraestrutura das ruas e em segurança.

O prédio onde funciona a prefeitura fica no centro da cidade, com fácil acesso aos moradores. O Parque da Várzea do Rio Embu Mirim faz parte da compensação ambiental referente à construção do trecho sul do Rodoanel Mário Covas que causou danos ambientais a cidade. É nessa área que o administração do prefeito Ney Santos quer construir a nova sede da prefeitura de Embu.

O Parque da Várzea, como popularmente é conhecido, já foi palco de outras obras. Em 2014 o ex-prefeito Chico Brito prometeu inaugurar no parque o campus da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), porém a obra foi embargada pela juíza Bárbara Carola Hinderberger Cardoso de Almeida.

A polêmica em torno do local é grande. A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) emitiu a licença ambiental para a construção do Parque, mas não é permitido outro tipo de construção como o Restaurante Popular e o Senai, obras que estavam nos projetos do governo municipal, mas que também foram proibidas.

A Cetesb já multou a prefeitura de Embu das Artes em mais de R$ 180 mil pela movimentação de 78.750m³ de terra que aterraram as várzeas do rio Embu-Mirim, além do desmatamento de 5,25 hectares de vegetação que protegia as margens do rio.

Segundo Rodolfo Almeida, presidente da Sociedade Ecológica Amigos de Embu (SEAE) a estimativa de que “o volume despejado na várzea do rio, se fosse amontoado, ficaria da altura de um prédio de 25 andares. Já a área desmatada corresponde a aproximadamente cinco campos de futebol”.

Em 2016 a Companhia ambiental abriu dois processos para que não haja obras no terreno. O primeiro é referente à “realização de obras e movimentação de terra de volume 78.750m³” e tem o protocolo nº7200192/2016. O segundo, qual trata sobre o desmatamento de 5,25 hectares de vegetação nativa que deve ser preservada, tem o nº 7200194/2016 e derivou um auto de embargo nº 7200098.

O local, que aparentemente está abandonado e sem seguranças ou vigilantes, recebe moradores de ruas próximas que utilizam a inacabada ciclo-faixa para fazer caminhada ou correr. Mas outro fator que causa estranheza ao morador embuense é a falta de cuidado com a natureza.

O Parque da Várzea do Rio Embu Mirim é importante para a cidade, pois são as várzeas do rio que naturalmente evitam os constantes alagamentos na época das chuvas e escoam o excesso de água.

A reportagem da FOLHA DE EMBU foi ao Parque da Várzea e comprovou que a mudança de governo não impediu que as obras no parque continuassem. A terra recém-revirada e a terraplanagem no solo anunciaram a ambição do prefeito em construir em local proibido.

 

Comentários