Segurança piorou no governo de José Serra

Por Folha de Embu | 20/05/2009

A Constituição determina que é dever do Estado garantir a segurança pública. Mas, no governo de José Serra, a norma constitucional não é devidamente cumprida, fato comprovado pelo aumento da violência. Os dados divulgados recentemente pela Secretaria de Segurança Pública atestam o fracasso da política de segurança do governo Serra. Eles apontam que a criminalidade aumentou nos três primeiros meses do ano em todo o Estado de São Paulo. Os números divulgados mostram o crescimento significativo dos casos de roubo, estupro e latrocínio, roubo seguido de morte. Nas seis cidades do Conisud, o crescimento da violência assusta os moradores e autoridades. Quem já foi vítima teme a ação dos criminosos e reclama da ineficiência da polícia e da demora no atendimento aos chamados do 190.

De acordo com os dados da Secretaria de Segurança Pública, os homicídios, que até outubro de 2008 seguiam uma tendência de queda, voltaram a aumentar. Entre o primeiro trimestre de 2008 e o primeiro trimestre de 2009, os roubos subiram 19%, os estupros 33,5%, os latrocínios 36% e os homicídios, 0,7%. O governador José Serra não comentou o crescimento da violência no seu governo e nem anunciou medidas para combater o aumento da criminalidade.

Como o Estado não cumpre devidamente o seu papel de garantir a segurança pública, cada vez mais os municípios investem em alternativas próprias visando atender às demandas da população. Mesmo sabendo que segurança é responsabilidade do Estado as autoridades municipais são forçadas a buscar soluções por conta dos apelos constantes dos moradores.

Nessa perspectiva, as Guardas Civis Municipais e câmeras de monitoramento surgem como estratégias importantes no combate à criminalidade. Além disso, ações de caráter social e educativo despontam como base para a construção de uma política segurança pública mais eficaz tirando o foco da repressão para a prevenção. Na prática, os municípios estão assumindo a lacuna deixada pelo Estado em função do clamor da população em torno do assunto.

O que se vê nas cidades é gente enfrentando diariamente o medo, na sua forma mais primitiva, seja para ir ao trabalho, estudar, ou até nos momentos de lazer. Quem já foi vítima de alguma situação de violência conhece bem perto o drama e é obrigado a encontrar alternativas para não sucumbir ao medo.

A moradora do Jardim Vazame, Andréia Aparecida Pereira, 29 anos, está presente na estatística dos casos de roubo. Recentemente, ela foi vítima da violência quando estava saindo para o trabalho. Era uma quinta-feira, pouco mais de 6 horas da manhã. Ela estava atrasada e por isso saiu apressadamente. Não percebeu a presença de dois homens em uma moto e a poucos metros de casa eles anunciaram o assalto levando a sua bolsa, documentos, celular e dinheiro.

Com a arma apontada para a cabeça ela conta que só conseguia pensar no “Foi assustador. Eles ameaçavam o tempo todo. Nunca senti tanto medo na vida”, relembra.

Passado o susto inicial ela conta que se deparou com uma enorme sensação de impotência e insegurança. “Não sabia o que fazer. Voltei pra casa e chorei muito, nem consegui ir ao trabalho. Graças a Deus não aconteceu o pior”, afirma. “Ainda tive que ficar horas na delegacia para fazer um Boletim de Ocorrência por causa dos documentos. Eles tratam a gente com tanta frieza que a pessoa se sente um lixo”, complementou.

A doméstica Elisangela Soares, 32 anos, moradora de Taboão da Serra passou pela mesma situação que Andréia. Ela foi abordada pouco depois de sair de casa, por um homem a pé. Ele pegou sua bolsa e depois mandou que ela andasse sem olhar para trás, ameaçando atirar caso ela desobedecesse. “Foi o pior momento da minha vida. Nunca senti tanto medo”, admite pensativa.

Há pouco mais de um mês um caso registrado em Taboão da Serra revoltou a população. Um criminoso tentou violentar duas mulheres numa única madrugada. Ele só foi detido por causa de um grupo de jovens que passava no local e corajosamente socorreu às vitimas. Uma delas estava grávida de quatro meses. Os rapazes literalmente seguraram o criminoso até a chegada da polícia.

Engana-se quem imagina que a violência atinge somente às mulheres.  O trabalhador autônomo que vamos chamar de Rodrigo foi assaltado quase na porta de casa depois de sacar num banco da região central de Embu uma quantia significativa. O dinheiro era resultado de uma poupança que ele fez durante mais de um ano. “Eu saquei o dinheiro e fui pra casa. Quando estava no portão dois homens de moto me assaltaram. Fiquei sem acreditar no que tava acontecendo. Depois de pensar muito percebi que eles estavam me seguindo desde que sai do banco”, contou.

Outro assalto com as mesmas características terminou em tragédia há pouco mais de um mês. A vítima segurou a bolsa onde estava o dinheiro e os criminosos atiraram para conseguir consolidar o assalto. O homem morreu na hora na frente dos familiares.

A reportagem da Folha de Embu apurou que esse tipo de crime é cada vez mais comum em todas as cidades da região. A polícia está investigando alguns suspeitos, mas não pode dar informações a respeito para não prejudicar às investigações. Entretanto, os policiais dizem que as pessoas devem ficar atentas sempre que saírem dos bancos e orientam a não sacar quantias altas para não chamar a atenção dos criminosos.

Notícias de assaltos em condomínio fechado de Itapecerica e Taboão deixaram a região em alerta contra esse tipo de crime conhecido como arrastão. Os criminosos encontram meios de entrar no local e assaltam vários imóveis ao mesmo tempo. No começo do ano, um grupo formado por 20 criminosos armados invadiu um condomínio residencial em Itapecerica da Serra. De acordo com a Polícia Militar eles usavam camisetas com inscrição da Polícia Civil e roubaram várias casas. Depois de duas horas dentro do condomínio, os bandidos fugiram em carros dos moradores. A polícia acredita que a ação foi altamente planejada pelos criminosos.

Em Taboão da Serra, há quase 20 dias, uma ação semelhante despertou medo e revolta nos moradores. Mais de 10 criminosos invadiu o condomínio no Jardim Monte Alegre, fez o síndico de refém e depois disso começou a invadir e roubar várias residências.

Violência caiu 75% no Embu na gestão de Geraldo Cruz

O prefeito de Embu das Artes, Chico Brito, confirma que o aumento da violência aconteceu em todo o Estado de São Paulo. Ele lembra que a cidade conseguiu reduzir em 75% os índices de violência, especialmente os casos de homicídio, nos últimos oito anos, no governo de Geraldo Cruz. Entretanto, agora, como aconteceu em todas as cidades houve um aumento no número de casos.

O prefeito disse que o Conisud está articulando as cidades para desenvolver ações conjuntas capazes de conter a violência.

Para o prefeito a crise financeira pode ter ajudado a aumentar os casos de violência. Ele observa que falta articulação entre as policias civil e militar e até mesmo com a Guarda Civil Municipal.“A Guarda tem um papel fundamental. Até porque está mais perto da população. Além de cumprir o papel de guardar o patrimônio ajuda na defesa das pessoas”, resume o prefeito.

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