Educação de Embu sofre descaso de todos os lados

Por Folha de Embu | 6/06/2017

Prefeitura entrega uniforme de má qualidade e escolas estão sem manutenção

A prefeitura entregou 28.443 mil kits escolares para os estudantes das 80 escolas e creches com Educação Infantil, Ensino Fundamental I e II, além dos alunos do Centro Educacional Armando Vidigal e Educação de Jovens e Adultos (EJA), entre 18 de abril e 10 de maio.

Entregue com dois meses de atraso, diversos pais dos alunos da rede municipal reclamaram sobre a qualidade dos uniformes escolares que as crianças devem usar durante o ano letivo. A mãe de dois alunos da Municipal Professora Valdelice Aparecida Medeiros Prass, no Parque Pirajussara, e que prefere não ser identificada, denunciou à Folha de Embu a péssima qualidade dos uniformes. “Eu tenho dois filhos e tive que trocar quatro vezes o uniforme de cada um. As peças que foram entregues eram pequenas para os meus filhos, e na última troca o uniforme estava desfiado e o novo uniforme entregue era desproporcional e virou motivo de piada”, disse.

A qualidade do tecido das camisetas é uma frequente queixa das mães, principalmente as que têm meninas entrando na puberdade. “O tecido da camiseta é muito fino e dá para ver o sutiã dela. Minha filha morre de vergonha”, contou Denise Garcia, mãe de uma aluna de 13 anos.

A reportagem da Folha de Embu conversou com diversas mães e a reclamação sobre o tecido ser frio e fino demais para o inverno foi unanime. “Se a minha filha sentar com o uniforme a calça abre”, disse uma das mães que, com medo de represália, pediu para não ser identificada. Karen Lourenço, mãe de duas crianças que estão no Ensino Fundamental I na Escola Municipal Janaina Agostinho Oliveira, no Jd. Mimás, contou que “o uniforme que veio é bem inferior aos outros anos. Ele não esquenta nada! Só serve como enfeite”, desabafou Karen.

A mãe dos alunos da Escola Valdelice contou à Folha que “quando fui chamada pelo Renato Oliveira [secretário adjunto de Comunicação] fui bem atendida, mas sai de lá sem solução para o problema. Já o adjunto de Educação me tratou com descaso. O material é ruim e até o Jones [Donizette, secretário de Comunicação] concorda que a qualidade é ruim!”, contou.

Segundo apuração da Folha de Embu, o uso do uniforme escolar ainda não é obrigatório nas escolas municipais e a previsão é que seja a partir de Julho. Em 2016, o uso era obrigatório desde o começo do ano.

Quando perguntados sobre a qualidade do material escolar, os entrevistados classificaram como bom, mas reclamaram da falta de régua, compasso, guache e cola colorida, que são usados nas aulas. “O ano passado veio tudo no kit, esse ano veio o básico e eu vou precisar comprar o restante. Vai ser difícil, pois estou desempregada”, disse a mãe dos alunos do Valdelice. O kit escolar municipal foi instituído na cidade em 2002 e todos os anos é entregue gratuitamente aos alunos.

Entretanto, as dificuldades com os uniformes e falta de itens no kit escolar não são os únicos problemas enfrentados pelos alunos da escola municipal Valdelice. A falta de material de limpeza, de utensílios como pratos e talheres, além da má conservação do prédio e do entorno da escola. Faltam lixeiras nas salas de aula, portas nos banheiros e maçaneta nas portas das salas, há carteiras e cadeiras empilhadas em um canto do estacionamento da escola, banheiros entupidos, além de mato alto. As mães reclamam que a escola cheira a esgoto e que falta material pedagógico para os professores.

Procurada pela reportagem da Folha de Embu, Ricardo Ramalho de Santana, diretor da Valdelice Aparecida Medeiros Prass, informou que “a falta de material pedagógico acontece desde o ano anterior, e ele é entregue em pequenas quantidades durante o ano”. Indagado sobre a manutenção da escola, Ricardo disse que “as portas do banheiro feminino, no primeiro andar, caíram por causa das dobradiças e estão guardadas na escola esperando chegar novas dobradiças”. Sobre a manutenção do prédio escolar, como a poda do mato, o diretor contou que ela é “periódica”.

Conforme anunciado na edição passada, a prefeitura informou em nota que para que a entrega do material escolar acontecesse, foi necessário “um longo processo burocrático, onde diversas empresas que concorreram acabaram atrasando o processo de fabricação, mas nós prezamos pela qualidade dos produtos e preço justo, pois principalmente em tempos de crise econômica na nossa cidade, devemos investir com responsabilidade o dinheiro público”.

Sobre a troca dos uniformes escolares, a prefeitura informa aos pais que a troca deve ser efetuada na escola onde o aluno estuda.

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