Obra de ampliação do HGP desaba e empresa responsável é fechada
Por Folha de Embu | 4/06/2009
Uma simples ampliação da parte administrativa e de manutenção do Hospital Geral do Pirajussara (HGP) se transformou em um escândalo. Tudo começou há dois anos, quando uma empresa foi contratada para realizar a ampliação de uma área localizada próximo ao pronto-socorro do HGP, onde fica a parte de manutenção do hospital. Durante a montagem da laje, a estrutura desabou e a obra está paralisada desde então. O caso é mais um flagrante do desperdício dos recursos públicos. Ninguém revela quanto foi pago pela obra inacabada. Uma série de perguntas sem resposta fica no ar enquanto a direção do HGP se nega a dar qualquer informação sobre o assunto.
Até hoje, os escombros da construção estão no local escondidos apenas por um tapume. Segundo informações de funcionários do HGP ninguém se feriu quando a laje desabou, mas, a empresa se recusou a arcar com os prejuízos e o caso foi parar na justiça. “A empresa acabou fechando quando o hospital foi pra justiça e a obra está parada desde então”, afirmou um funcionário que acompanhou todo problema.
Ele disse à reportagem da Folha de Embu que o desabamento da laje surpreendeu a todos, e, informou que o hospital está recolhendo novos orçamentos para recomeçar a obra. O funcionário não soube dizer o nome da empresa que estava realizando a obra e nem o engenheiro responsável por ela.
A diretoria do HGP se negou a falar sobre o assunto, justificando que não pode dar informações porque aguarda decisão judicial sobre o caso. A assessoria de imprensa da Secretaria Estadual de Saúde alegou que não pode informar o nome da empresa, o valor da obra, se a empresa recebeu pela obra incabada e quem vai arcar com os prejuízos. Só o que se sabe é que o pagamento da obra seria feito pelo governo do Estado. Enquanto essas e outras questões ficam sem resposta, o caso parece ser esquecido pela administração do HGP.
Um empreiteiro ouvido pela Folha de Embu viu as fotos da obra que desabou. Segundo ele, o problema ocorreu, provavelmente, porque a laje não foi devidamente escorada. “As fotos mostram que a laje não tinha escoramento, por isso não suportou o peso e caiu. Pela minha experiência acredito que o prejuízo ali foi de uns R$ 60 mil”, revelou.
A vice-prefeita de Taboão da Serra, Márcia Regina e integrante do Movimento Pró-Ampliação do HGP, lamentou o episódio. Ela explicou que o modelo de administração do hospital, denominado de OS é diferenciado. Segundo ela, nesse modelo de gestão não é necessário fazer licitação para realizar obra e nem é preciso prestar contas. Márcia observa, ainda, que a ausência de controle social impede a fiscalização das ações da administração do hospital. “Um caso de desperdício de recurso público como esse acaba passando em branco nessa forma de gestão”, ressalta Márcia Regina.
Ela disse que lamenta o fato, já que era de se esperar que a ampliação da parte administrativa aumentasse o espaço destinado ao atendimento dos pacientes. Segundo a vice-prefeita, o movimento Pró-Ampliação já recolheu 15 mil assinaturas no abaixo assinado que será encaminhado ao governo de José Serra.
A Secretária de Saúde de Embu das Artes, Sandra Magali Barbeiro, avaliou que caso a ampliação possibilitasse a expansão da área destinada ao atendimento dos pacientes seria ideal. “Qualquer novo espaço é válido”, observou.
Ela lembrou que quando o hospital foi criado graças à mobilização dos movimentos sociais de Taboão e Embu correspondia a necessidade da região. Mas, como as duas cidades cresceram a ampliação do atendimento no local é urgente. “Se não ampliar o número de leitos tem que construir um novo hospital”, concluiu.