Escolas estaduais sem professor e sem material
Professores do Estado denunciam o desmantelamento da educação
Por Folha de Embu | 4/02/2019
Início do ano letivo na rede estadual será uma ‘tragédia’ segundo secretário
Ao lado do Governador Dória, o secretário da educação de São Paulo Rossieli Soares da Silva disse que existe a possibilidade de que cerca de que 2,5 milhões estudantes sejam prejudicados por falta de 8,5 mil professores. Essa lacuna seria suprida pela contratação de novos professores temporários. Desse total de estudantes, há a possibilidade de que 60 mil alunos da 1ª a 5ª série não tenham nenhum professor disponível. Além disso, foi constatado que não há contratos para aquisição de material escolar e material de apoio para o início do período escolar.
Rossieli anunciou que será retomado imediatamente o diálogo com o Ministério da Educação para participar de programas federais, em especial sobre o Ensino Médio, para receber recursos que deixaram de ser solicitados.
De acordo com Rossieli, a preocupação do governo é a organização para o início do ano letivo em fevereiro, mas não há garantia de que os alunos receberão o kit escolar e o material pedagógico.
Segundo o secretário, não há contrato para entrega de material escolar com caderno e lápis para os alunos e não haverá tempo para impressão do material pedagógico de apoio aos estudantes (Informações do Governo de SP.
Estado regride em qualidade da educação
Sob o governo do PSDB, São Paulo perdeu em qualidade no ensino público e, segundo dados do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação) divulgado no (3), foi o único estado da federação a apresentar queda entre os mais bem posicionados em 2017, no ensino médio.
A rede paulista agora tem nota 3,8 (no Idep anterior, de 2015, tinha 3,9) e já foi ultrapassada por Espírito Santo (4,1), Goiás (4,3) e Pernambuco (4) e empata com Ceará e Rondônia. A expectativa é de que o Brasil um dia alcance a nota 6 no quesito ensino médio.
Os dados foram divulgados pela Folha de S.Paulo, que destacou que Alckmin vem dizendo em debates e entrevistas, por conta da eleição de 2018, que São Paulo tem a melhor educação do País. “Não tem mais”, cravou o diário com base no novo Ideb, que é aplicado a cada 2 anos.
No ensino fundamental, São Paulo também perdeu a liderança em duas etapas. Até 2015, era destaque nos anos iniciais (5º ano) e nos finais (9º ano). No novo Ideb, o Estado apresentou uma melhora (foi de 6,3 para 6,5 nos anos iniciais e 4,7 para 4,8 nos finais), mas o desempenho foi tão tímido que acabou superado por outros resultados com mais rendimentos. É o caso de Ceará e Goiás nos anos iniciais e Goiás e Rondônia, nos finais.
“O ensino médio é apontado como um dos maiores gargalos do país. Redes estaduais são responsáveis por oito a cada dez matrículas na etapa. Dos 3,8 milhões de alunos da rede paulista, a maior do país, 40% (1,5 milhão) são de ensino médio”, lembrou a Folha. (Jornal GGN)
Professores denunciam más condições de trabalho
Profissionais de ensino do Estado citam efeitos do fechamento de salas
Goteiras em salas de aulas, falta de impressoras e de merenda. O cenário das escolas técnicas e da rede pública relatado por professores revela parte do atual cenário da educação pública no estado de São Paulo.
O professor de sociologia e artes da Escola Estadual Professor Narbal Fontes, Silvio Viana, conta à repórter Beatriz Drague Ramos, da Rádio Brasil Atual, que gasta seu próprio dinheiro para imprimir o material de suas aulas. “A situação no estado é precária. Não temos nem impressora na escola, nem material. Os professores se viram. O docente não pode explicar a matéria como quer também, mas como o governo quer. Isso precariza o processo de aprendizado.”
Micheli Souza da Silva, professora de sociologia da Escola Estadual Professor Augusto de Carvalho, na Freguesia do Ó, afirma que a reorganização escolar fechou aproximadamente 35% das salas de aula da escola em que leciona. “A gente tem um processo de reorganização na qual 35% das salas foram fechadas. As escolas possuem goteiras, falta de funcionários. O governador roubou merenda dos estudantes e, hoje, é um presidenciável”, critica.
Além da infraestrutura prejudicada, foram mais de 9 mil salas de aulas fechadas entre 2015 e 2018, sendo 1800 delas apenas este ano, de acordo com dados do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo, a Apeoesp.
Relatório do Tribunal de Contas do Estado (TCE) do ano passado explica a superlotação de salas de aula, criticada pelo sindicato, como um dos resultados da eliminação de aproximadamente 270 turmas de primeiro ano do ensino médio.
Por meio de nota, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo afirmou que não houve fechamento de salas na Escola Estadual Professor Augusto Carvalho e que a Escola Estadual Professor Narbal Fontes possui a quantidade de professores dentro do recomendado pela Secretaria. A nota acrescenta que a oferta de merenda segue feita normalmente.